segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Jovem recorre à Defensoria Pública de Ipatinga para continuar enxergando

Liminar garante cirurgia para paciente com ceratocone

Um ano de acompanhamento pelo SUS de Ipatinga não garantiu a Henrique Faria Castro, 21 anos, a operação que permitiria que ele continuasse enxergando. Henrique sofria de ceratocone, doença que poderia deixá-lo cego. Procurado pelo jovem, o Defensor Público Rafael Boechat entrou com uma ação e garantiu que a operação fosse realizada.

De acordo com o pai de Henrique, Sebastião Ferreira de Castro, a doença começou a se manifestar há três anos. Aos poucos o rapaz ia perdendo a visão do olho direito. O parecer dos oftalmologistas foi unânime: era preciso usar uma lente especial que estabilizaria a doença. Porém o jovem não se adaptou à lente e a alternativa era a colocação do Anel de Ferrara. Caso isso não ocorresse, a solução seria o transplante de córnea.

A objetivo agora era conseguir a cirurgia para colocação do anel. Segundo Sebastião Castro, após procurar a rede pública de Ipatinga, foi encaminhado à Belo Horizonte para que conseguisse a cirurgia.. Entretanto, os médicos da capital disseram fazer apenas transplantes, e o encaminharam de volta à Ipatinga.

Mais uma vez foi procurado o atendimento público da cidade. Não houve o retorno esperado. Na rede particular, somente o Anel de Ferrara, de acordo com Sebastião de Castro, custaria 4 mil reais. “O que era impossível para mim. Vivemos da renda de um salário mínimo de um imóvel alugado que tenho. Tentei vender para realizar a cirurgia, ninguém quis comprar”, desabafou o pai.

Hoje, pai e filho estão desempregados e dependem da ajuda de terceiros. “O Henrique fez cursos de técnico em enfermagem e segurança de emprego. Mas no exame de vista ele foi reprovado, por isso está desempregado”, completa Sebastião.

Orientado a procurar assistência jurídica, entrou em contato com a Defensoria Pública de Ipatinga. De imediato, o Defensor Público Rafael Boechat entrou com uma ação para execução da cirurgia. Após a ação, o Juiz da Vara da Fazenda Pública concedeu a liminar.

No dia 28 de julho foi realizada no Hospital de Olhos do Vale do Aço, em Ipatinga. Henrique Faria já havia perdido 57% da visão do olho direito. Com o anel, o restante ficará preservado. Apesar do sucesso da operação, Henrique terá que usar óculos devido a problemas também no olho esquerdo.

A doença


Ceratocone é uma doença não inflamatória da córnea na qual a baixa rigidez do colágeno corneano permite que a área central ou paracentral assuma forma cônica, resultando na distorção das imagens.

Após diagnostico, a indicação é de uso de lentes rígidas ou gelatinosas. Entretanto, a evolução da doença pode levar o paciente à intolerância às lentes e ainda à necessidade de procedimento cirúrgico como anel intra-corneano (Anel de Ferrara). Segundo o Centro Catarinense de Tratamento de Ceratocone, ligado ao Departamento de Córnea e Lentes de Contato do Hospital de Olhos Sadalla Amin Ghanem, o transplante de córnea é realizado somente em 10% dos casos, quando a progressão provoca cicatrizes corneanas ou quando a visão não é satisfatória com os tratamentos anteriores.

O ceratocone geralmente aparece na adolescência ou em adultos jovens e progride até 35 a 40 anos de idade. Afeta em torno de uma para cada 2 mil pessoas. A progressão normalmente é lenta, mas pode haver períodos de tempo em que a piora é rápida. É impossível prever qual a velocidade de progressão ou se ela vai realmente ocorrer em um determinado caso. Os jovens com doenças avançadas têm maior chance de progressão em relação aos que estão na faixa dos 35 anos..

As causas específicas ainda não são conhecidas, mas a origem mais provável é a genética. Apesar disto, somente 20% dos pacientes com ceratocone tem alguém na família com a doença. Quando não existirem casos na família a probabilidade dos filhos terem ceratocone é menor que 15%. Os pacientes que apresentam predisposição e tem o hábito de coçar os olhos, geralmente vão ter uma doença mais precoce e mais avançada. O ato de coçar os olhos altera a composição das enzimas na córnea, o que reduzem ainda mais sua resistência.

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