BELO HORIZONTE (02/03/10) - Cerca de setenta peças entre pinturas, máscaras, serigrafia em tecidos e esculturas, feitas por adolescentes internos em unidades socioeducativas de Belo Horizonte e Ribeirão das Neves, estão expostas desde essa segunda-feira (1º), na Galeria da Escola Guignard, através do projeto Artexpressão, fruto de convênio entre a Subsecretaria de Atendimento às Medidas Socioeducativas (Suase), da Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds), e a Associação de Amigos da Escola Guignard, assinado em abril de 2009.
Trezentos e quarenta e seis adolescentes dos centros de internação provisória Dom Bosco e São Benedito, centros socioeducativos Santa Terezinha, Santa Helena, Santa Clara e Justinópolis, e do Centro de Reeducação Social São Jerônimo foram beneficiados com oficinas de cerâmica, pintura expressiva, serigrafia, quadrinhos, silkagem em camisetas, fabricação de tintas, grafitagem e noções de operação em rádio. Os melhores trabalhos deram origem à exposição, que pode ser conferida até esta quinta-feira (4), de 9 às 21 horas.
Obras
Nos desenhos, os observadores mais atentos puderam encontrar traços e cores que retratam a dor do mundo, a saudade da infância, a realidade do crime, o amor de mãe. Também há trabalhos mais despretensiosos, como a pintura do jovem VHE, de 18 anos, interno no Centro Socioeducativo Santa Terezinha. Ele desenhou uma escova de dente elétrica. “Tentei fazer o movimento das cerdas. Fiz a técnica da sombra embaixo. Usei papel e tinta guache em vários tons de azul. Quis criar isso porque acho a higiene uma coisa muito importante”, disse.
DWF, de 17 anos, disse que criar é como ser livre. “Ter liberdade hoje em dia é quase impossível, pois vivemos acorrentados por alguma amarra, seja ela física, espiritual ou mental. Mas temos uma liberdade que não pode ser tocada, que é a mental. Temos uma imaginação tão fértil que seria impossível colocar uma fronteira nos nossos pensamentos”, constatou.
A diretora de Formação Educacional e Profissional do Adolescente da Suase, Maria de Lourdes Vieira, destaca que cada obra criada traz uma revelação. “Os adolescentes se mostram por meio das obras, expondo algo que é o sentimento deles. E, nesse processo, muitos dons e habilidades artísticas vêm à tona”.
Extensão
O convênio, que se encerra este mês, tem novo termo aditivo em tramitação, que estabelece a extensão do projeto, por mais um ano, para outras três unidades, o Centro Socioeducativo de Sete Lagoas, o Centro de Internação Provisória de Sete Lagoas e o Centro de Atendimento ao Adolescente (Cead), em Belo Horizonte. As oficinas terão novo formato, dividindo-se em quatro eixos. O que trata de Expressão Corporal e Música compreende teatro, percussão e dança. O Bidimensional abrange as técnicas do desenho, grafite, quadrinhos e serigrafia. No Tridimensional serão oferecidas aulas com técnicas de papel machê e escultura. O quarto eixo é o da Arte Culinária. Todas as aulas são ministradas por educadores e estagiários da Guignard e acontecem duas vezes por semana, sempre aliando ações socioeducativas e práticas artísticas.
Segundo o diretor da Escola Guignard, professor Benedikt Wiertz, as oficinas permitiram perceber que os adolescentes internos estão construindo uma relação de maior observação de si próprios e do mundo à sua volta. Para a assistente social e coordenadora do projeto, Rosimery Tannarelle, o objetivo do trabalho é valorizar as experiências positivas e o conhecimento dos adolescentes através da arte. “Também procuramos criar um espaço de expressão e reflexão, atuando, ao mesmo tempo, na prevenção, recuperação e desenvolvimento social desses jovens”, pontuou.
A diretora de Formação e Saúde da Suase, Érika Vinhal, explica que outras oficinas de artesanato já acontecem nas unidades, mas geralmente visam uma produção e são destinadas à venda. “No caso da Guignard, é uma outra visão, a da arte apenas como forma de expressão, sem outro objetivo. E assim o adolescente pode se colocar perante a sociedade e se mostrar através da sua obra”.
O incentivo para que haja visitas extramuros, como as que aconteceram ao Museu de Arte da Pampulha e à exposição do artista francês Auguste Rodin, na Casa Fiat de Cultura no ano passado, também são destacadas por Érika . “O mais interessante disso é que os jovens são monitorados pelo pessoal da Guignard, que os orienta sob a perspectiva de quem conhece verdadeiramente o assunto”. Érika Vinhal ainda lembrou que um aluno do projeto do Centro Socioeducativo Santa Clara, de Belo Horizonte, teve seus quadrinhos classificados entre os dez melhores no Salão do Humor de 2009.
Fonte: Agência Minas
Trezentos e quarenta e seis adolescentes dos centros de internação provisória Dom Bosco e São Benedito, centros socioeducativos Santa Terezinha, Santa Helena, Santa Clara e Justinópolis, e do Centro de Reeducação Social São Jerônimo foram beneficiados com oficinas de cerâmica, pintura expressiva, serigrafia, quadrinhos, silkagem em camisetas, fabricação de tintas, grafitagem e noções de operação em rádio. Os melhores trabalhos deram origem à exposição, que pode ser conferida até esta quinta-feira (4), de 9 às 21 horas.
Obras
Nos desenhos, os observadores mais atentos puderam encontrar traços e cores que retratam a dor do mundo, a saudade da infância, a realidade do crime, o amor de mãe. Também há trabalhos mais despretensiosos, como a pintura do jovem VHE, de 18 anos, interno no Centro Socioeducativo Santa Terezinha. Ele desenhou uma escova de dente elétrica. “Tentei fazer o movimento das cerdas. Fiz a técnica da sombra embaixo. Usei papel e tinta guache em vários tons de azul. Quis criar isso porque acho a higiene uma coisa muito importante”, disse.
DWF, de 17 anos, disse que criar é como ser livre. “Ter liberdade hoje em dia é quase impossível, pois vivemos acorrentados por alguma amarra, seja ela física, espiritual ou mental. Mas temos uma liberdade que não pode ser tocada, que é a mental. Temos uma imaginação tão fértil que seria impossível colocar uma fronteira nos nossos pensamentos”, constatou.
A diretora de Formação Educacional e Profissional do Adolescente da Suase, Maria de Lourdes Vieira, destaca que cada obra criada traz uma revelação. “Os adolescentes se mostram por meio das obras, expondo algo que é o sentimento deles. E, nesse processo, muitos dons e habilidades artísticas vêm à tona”.
Extensão
O convênio, que se encerra este mês, tem novo termo aditivo em tramitação, que estabelece a extensão do projeto, por mais um ano, para outras três unidades, o Centro Socioeducativo de Sete Lagoas, o Centro de Internação Provisória de Sete Lagoas e o Centro de Atendimento ao Adolescente (Cead), em Belo Horizonte. As oficinas terão novo formato, dividindo-se em quatro eixos. O que trata de Expressão Corporal e Música compreende teatro, percussão e dança. O Bidimensional abrange as técnicas do desenho, grafite, quadrinhos e serigrafia. No Tridimensional serão oferecidas aulas com técnicas de papel machê e escultura. O quarto eixo é o da Arte Culinária. Todas as aulas são ministradas por educadores e estagiários da Guignard e acontecem duas vezes por semana, sempre aliando ações socioeducativas e práticas artísticas.
Segundo o diretor da Escola Guignard, professor Benedikt Wiertz, as oficinas permitiram perceber que os adolescentes internos estão construindo uma relação de maior observação de si próprios e do mundo à sua volta. Para a assistente social e coordenadora do projeto, Rosimery Tannarelle, o objetivo do trabalho é valorizar as experiências positivas e o conhecimento dos adolescentes através da arte. “Também procuramos criar um espaço de expressão e reflexão, atuando, ao mesmo tempo, na prevenção, recuperação e desenvolvimento social desses jovens”, pontuou.
A diretora de Formação e Saúde da Suase, Érika Vinhal, explica que outras oficinas de artesanato já acontecem nas unidades, mas geralmente visam uma produção e são destinadas à venda. “No caso da Guignard, é uma outra visão, a da arte apenas como forma de expressão, sem outro objetivo. E assim o adolescente pode se colocar perante a sociedade e se mostrar através da sua obra”.
O incentivo para que haja visitas extramuros, como as que aconteceram ao Museu de Arte da Pampulha e à exposição do artista francês Auguste Rodin, na Casa Fiat de Cultura no ano passado, também são destacadas por Érika . “O mais interessante disso é que os jovens são monitorados pelo pessoal da Guignard, que os orienta sob a perspectiva de quem conhece verdadeiramente o assunto”. Érika Vinhal ainda lembrou que um aluno do projeto do Centro Socioeducativo Santa Clara, de Belo Horizonte, teve seus quadrinhos classificados entre os dez melhores no Salão do Humor de 2009.
Fonte: Agência Minas
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